O POETA

Seara e nuvem, barco e melodia

no coração das feras e das aves,

trazes a aurora em tuas mãos suaves

abrindo a noite, barco e melodia.

 

Lírio solar, estrada e cotovia

jamais sonhada pelas próprias aves,

a morte e a vida, a porta e as chaves

tudo em ti se confunde e anuncia.

 

Sonharam-te os abismos e os morcegos

volvem-se em arcanjos e vêm, cegos

quando os fitas, pousar na tua mão.

 

Só em ti a beleza encontra a forma.

 

Cantas! e logo a noite se transforma

no dia que faltava à Criação.

 

Papiniano Carlos

publicado por RAA às 16:53 | comentar | favorito