23
Abr 14
23
Abr 14

ACHE CHUTI

Tens livre o céu para o teu voo.

Que as tuas asas não fiquem inactivas.

É a liberdade!

-- Ave, na sombra da floresta,

A atracção do ninho

E a noite enganam-te se dizem

Que jamais deixarás o teu ramo.

-- É a liberdade!

Não sabes que esperança

Te acorda num cântico

Ao meio do teu sono?

Não sabes que entre a treva e a aurora

Está a esperança da luz que a aurora vibra

               Nos teus cantos?

Que é o desejo da luz

Que faz abrir as flores?

               -- É a liberdade!

 

Rabindranath Tagore

Poesias de Tagore

(trad. Augusto Casimiro)

publicado por RAA às 13:37 | comentar | favorito
08
Abr 14
08
Abr 14

CANTIGA DE AMOR

De onde estou, tão longe,

vejo-te à janela.

(Não te vejo, não:

vejo-te sòmente

na imaginação.)

 

Onde estou, tão longe,

chega a tua voz.

Oiço um longo brado

que é por mim que chama.

Oh que lindo som!

-- e é imaginado...

 

Onde vou te levo,

minha doce Amiga.

Tenho-te onde estou.

A cabeça dói-me

porque o Sonho a cansa?

-- Onde a descansara,

se te não trouxera

mesmo na lembrança?

 

Sebastião da Gama,

Pelo Sonho É que Vamos

publicado por RAA às 13:09 | comentar | favorito
04
Abr 14
04
Abr 14

SAUL JÚLIO

o eu amigo do outro

irmão do ego mútuo

o desenho o som o músico

à sombra do espelho único

arrastou um vento régio

este sim foi um cristo

 

Joaquim Castro Caldas,

Série Poeta -- Homenagem a Júlio / Saul Dias (2001)

publicado por RAA às 13:48 | comentar | favorito
03
Abr 14
03
Abr 14

"Se voltares o rosto"

Se voltares o rosto

(devagar)

alumias as folhas nuas

da noite.

 

Fernando Jorge Fabião,

Na Orla da Tinta

publicado por RAA às 13:14 | comentar | favorito
02
Abr 14
02
Abr 14

P&R - Manuel Alegre

Um poema acontece como ?   É uma toada, uma alteração da respiração, do ritmo cardíaco, por vezes do próprio andar. Não tenho uma atitude voluntarista, não me sento à mesa para escrever. Normalmente, é o poema que se impõe. Se calhar, nos bons poemas, o poeta até participa pouco. É apenas o mediador. Os gregos tinham as musas, Rilke falava do anjo, Lorca do duende: bruxarias...»

 

entrevista a Maria Leonor Nunes, JL #1135, 2.IV.2014

publicado por RAA às 18:50 | comentar | favorito