CANTIGA
Grã coita tenho sofrido
Por homem que desdenhei
Que sempre seja sabido
Quanto o amo e amarei.
É-me agora fementido
Por amor que eu recusava.
E doida eu 'stava em vestido
Ou se nua me deitava.
Ai quero ao meu cavaleiro
Apertar às tetas brancas!
O corpo dou-lh'eu inteiro,
Cavalgará minhas ancas!
Ca lh'estou mais que rendida
Flora o foi de Brancaflor,
É todo seu meu amor,
Minh'alma, os olhos e a vida.
Ai meu amigo velido!
S'em meu poder vos tomar
E convosco me deitar
E d'amor eu vos beijar,
Não há nenhum mor prazer
Que vos ter com'a marido,
Se de vós for prometido
Fazerdes quant'eu quiser.
Béatrix de Viennois, Condessa de Die,
in Jorge de Sena, Poesia de 26 Séculos