15
Nov 11

...

-- O que arde cura. -- Talvez.

Mas a doçura também:

Se tens bálsamo, não toques

Com ferro em brasa em ninguém.

 

António Correia de Oliveira

publicado por RAA às 17:14 | comentar | favorito
18
Out 11

...

-- Chega-te aos bons e serás

Um dos bons. -- Depois de o seres,

Chama a ti os maus: e fá-los

Iguais a ti, se puderes.

 

António Correia de Oliveira 

publicado por RAA às 14:24 | comentar | favorito
16
Set 11

...

-- Faze o bem e fecha os olhos:
Fecha-os, não olhes a quem. --
Não vejas o mal dos outros,
Vejam outros teu bem.

António Correia de Oliveira
publicado por RAA às 14:21 | comentar | favorito
30
Ago 11

...

-- Quem tem filhos, tem cadilhos. --
Tem-nos quem os não tiver.
Quem tem filhos ainda vive
Mesmo depois de morrer.

António Correia de Oliveira
publicado por RAA às 14:39 | comentar | favorito
11
Jul 11

...

-- De hora a hora Deus melhora. --
Podes ter fé no rifão.
Mas não durmas: vai buscando
Remédio por tua mão...

António Correia de Oliveira
publicado por RAA às 11:13 | comentar | favorito
11
Out 10

(FALA DO MAR)

-- Arte de Amar, eu fui antigamente
E sou, seu Mestre antigo e venerável.

No princípio do mundo, tempo incerto,
E quando a terra apenas aflorava
Num ar entorpecido, torvo e inútil,
Pois não surgira ainda vida viva
Que o respirasse em folha de verdura
Ou ave acasalada ou fera uivante;

No princípio do mundo (na incerteza,
no Tudo e Nada do começo) arfando
Em meus ondados, espraiados ritmos,
Eu fui o que ensinei primeiramente
A Terra inconsciente, agreste e rude,
Artes de Amor divino;  quer erguido
Em aluado espasmo; quer beijando
Morna nudez de fragas; quer cingindo,
Com meus longos abraços de volúpia,
Indecisos contornos de montanhas,
Puberdade de curvas amorosas.

E depois que ensinei minha arte antiga
É que a Terra foi Mãe e foi mais bela:

As duras fragas conceberam fontes.

As fontes conceberam as verduras.

As aves construíram os seus ninhos.

E as feras monstruosas, ternamente,
Caros filhos do Amor amamentaram...

António Correia de Oliveira
publicado por RAA às 14:28 | comentar | ver comentários (2) | favorito
07
Mar 09

MÃE

Olha, meu Filho! quando à aragem fria
Dalgum torvo crepúsculo, encontrares
Uma árvore velhinha, em modo e em ares
De abandono e outonal melancolia:

Não passes junto dela, nesse dia
E nessa hora de bênçãos, sem parares:
Não vás, sem longamente a contemplares:
Vida cansada, trémula e sombria!

Já foi nova e floriu entre esplendores:
Talvez em derredor dos seus amores
Inda haja filhos que lhe queiram bem...

Ama-a, respeita-a, ampara-a na velhice;
Sorri-lhe com bondade e com meiguice:
--Lembre-te, ao vê-la, a tua própria Mãe!

António Correia de Oliveira
publicado por RAA às 23:51 | comentar | favorito