28
Mar 11

LÁGRIMAS

As cristalinas lágrimas vertidas
Pela noite nas águas tenebrosas
São no abismo profundo convertidas
          Em pérolas radiosas...
Mas as pérfidas lágrimas caídas
Desses teus olhos lânguidos e ardentes,
No meu peito amoroso recolhidas,
          Só geraram serpentes...

António Feijó
publicado por RAA às 11:36 | comentar | favorito
18
Mar 11

A FOLHA DE SALGUEIRO

Adoro essa mulher moça e formosa,
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída...
-- Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas, distraída.

Também adoro a brisa do Levante,
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental...
Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel, no lago de cristal.

E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa do nome idolatrado
Que essa jovem mulher nela escreveu
Com a doirada agulha do bordado...
          E esse nome... era o meu!

António Feijó
publicado por RAA às 12:46 | comentar | favorito
14
Ago 10

ANACREÔNTICA

Teu rosto é como
Um róseo pomo,
Que eu só desejo
Morder num beijo.

Último tomo
De amor que eu domo
Enquanto almejo
O grato ensejo...

O afecto que
Me enchera de
Paixão fatal

Vê com ardor
Teu belo cor-
po escultural!

António Feijó
publicado por RAA às 20:32 | comentar | favorito