09
Abr 15

AMAZÓNIA

I

 

Selva.

O negro, o índio

e o que mais me souber.

O fogo doutro céu, 

o nome doutro dia.

Tudo o que estiver

nos nervos 

que me deu.

 

Carlos de Oliveira, Turismo / Trabalho Poético

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INFÂNCIA

VI

 

Céu

sem uma gota

de terra.

 

Carlos de Oliveira, Turismo / trabalho poético

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05
Dez 12

AMAZÓNIA (I)

 Selva! O que o teu saibo diz

e o resto -- o que há em mim a mais,

um sol de boca rubra, na raiz

de vinte outonos magros e iguais.

 

Litoral e mar. Minha cadeia

-- o continente alheio dos escombros!

Ficam minhas pegadas sobre a areia

e o sol da selva escorre-me dos ombros.

 

Carlos de Oliveira

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17
Mar 12

Novo Cancioneiro

título: Novo Cancioneiro
prefácio, organização e notas: Alexandre Pinheiro Torres
edição integral: Terra, de Fernando Namora; Poemas, de Mário Dionísio; Sol de Agosto, de João José Cochofel; Aviso à Navegação, de Joaquim Namorado; Os Poemas de Álvaro Feijó; Planície, de Manuel da Fonseca; Turismo, de Carlos de Oliveira; Passagem de Nível, de Sidónio Muralha; Ilha de Nome Santo, de Francisco José Tenreiro; Voz que Escuta, de Políbio Gomes dos Santos.
edição: Editorial caminho
local: Lisboa
ano: 1989 
págs.: 413
dimensões: 24x17,5x2,2 cm. (brochado)
impressão: Gráfica da Venda Seca
capa: Mário Caeiro sobre ilustração de Carlos Marques
tiragem: 3000
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27
Nov 11

INFÂNCIA (IV)

Chamo

a cada ramo

de árvore

uma asa.

 

E as árvores voam.

 

Mas tornam-se mais fundas

as raízes da casa,

mais densa

a terra sobre a infância.

 

É o outo lado

da magia.

 

Carlos de Oliveira

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08
Abr 11

NOITE DE VERÃO

De súbito, a lua japonesa
desenha na janela
as três colinas dum hai-kai;
e vê-se então
que a sua luz, o círculo
cortado ao meio
no horizonte de cimento,
basta para tornar o ar oxidado
quase cor de rosa;
assim se aprende,
ao anoitecer, como o verão
escreve cidades mais legíveis;
embora breves; sobre
alicerces que flutuam
em torno do leitor nocturno,
e são talvez a imagem
do meio círculo que falta
à lua, no horizonte.

Carlos de Oliveira
publicado por RAA às 14:40 | comentar | favorito
30
Out 10

INFÂNCIA II



Tão pequenas
a infância, a terra.
Com tão pouco
mistério.

Chamo às estrelas
rosas.

E a terra, a infância,
crescem
no seu jardim
aéreo.

Carlos de Oliveira
publicado por RAA às 19:33 | comentar | favorito
21
Mar 09

RUMOR DE VENTO AO CREPÚSCULO

A juventude duma olaia:
passou o vento
e levantou-lhe a saia.

Que ficou desse amor
mais que o rumor do vento?
Ou mais do que perder
nos longes da campina
o subtil rumor
que foge e não se esquece?

Violada se debruça
a noiva vegetal
agora que anoitece.

Carlos de Oliveira
publicado por RAA às 01:55 | comentar | favorito
06
Jan 09

SONO

Dormir
mas o sonho
repassa
duma insistente dor
a lembrança
da vida
água outra vez bebida
na pobreza da noite:
e assim perdido
o sono
o olvido
bates, coração, repetes
sem querer
o dia.

Carlos de Oliveira
publicado por RAA às 23:36 | comentar | favorito
05
Dez 08

PROVÉRBIO

A noite é a nossa dádiva de sol aos que vivem do outro lado da Terra.

Carlos de Oliveira
publicado por RAA às 00:13 | comentar | favorito