O POETA
no coração das feras e das aves,
trazes a aurora em tuas mãos suaves
abrindo a noite, barco e melodia.
Lírio solar, estrada e cotovia
jamais sonhada pelas próprias aves,
a morte e a vida, a porta e as chaves
tudo em ti se confunde e anuncia.
Sonharam-te os abismos, e os morcegos
volvem-se em arcanjos e vêm, cegos
quando os fitas, pousar na tua mão.
Só em ti a beleza encontra forma.
Cantas! e logo a noite se transforma
no dia que faltava à Criação.