Para Hortênsia
Eu, feito corsário de aventuras estranhas,
num dia qualquer partirei
numa caravela branca de velas brancas
fazer o meu destino.
Na estrada verde que irei sulcar
as estrelas mostrar-me-ão o brilho dos teus olhos,
o vento, sussurrando, trar-me-á o ruído do teu riso
e outras caravelas brancas de velas brancas
estarão agora à minha procura.
E, assim, nós iremos
quebrar com as nossas mãos árvores seculares,
abrir com os pés os espinhos do nosso caminho...
E se algum dia eu voltar,
numa caravela branca
sem velas, sem mastros nem equipagem,
quando eu chegar ao pé de ti
cansado pelo fragor da luta,
os pés rasgados pelos espinhos do caminho,
as mãos ensaguentadas,
o rosto convulso,
sejam a carícia das tuas mãos
e o beijo da tua boca
um grito para que eu volte
para junto dos meus irmãos
continuar no fragor da luta
para a conquista do mundo...
Tomaz Martins