09
Out 10

O ELEITO DO CAPITAL

6. Porque faço dele o meu eleito, o capitalista incarna a virtude, a beleza, o génio. Os homens consideram espirituosa a sua estupidez, afirmam que o seu génio está acima da ciência dos pedantes. Os poetas pedem-lhe a inspiração e os artistas recebem de joelhos as suas críticas. As mulheres juram que ele é o Don Juan ideal. Os filósofos erigem os seus vícios em virtudes. Os economistas descobrem que a sua ociosidade é a força motriz do mundo social.

Paul Lafargue

(J. Mega)
publicado por RAA às 23:49 | comentar | ver comentários (2) | favorito

a escrita mais ténue (a noite)

um trilo de obsidiana agita
a poalha de leite
limalha de voos
que aguardava no adágio extinto

uma nova escrita mais ténue
nasce coalha agita
a centelha ausente
E os céus prepara p'ra um verão

se regressam as melodias
se a nata do poema
treme de evidente
no esperanto de uma erupção

se o tempo pára na estação

Pedro Ludgero
publicado por RAA às 21:48 | comentar | favorito

SONHO

Durante a noite
A Luísa sonhou
Que um Caracol
Assim lhe falou:
-- Vem Luisinha
Vem passear.
-- E se chover
Para me abrigar?
-- Não tenhas medo, Luisinha
Podes entrar
Na minha casinha.
-- Senhor Caracol
Eu sou muito alta
É outra casinha
Que me faz falta.
O Caracol estremeceu
E um belo palácio
Apareceu!
A Luisinha
Não pode crer
No que os seus olhos
Estão a ver.
O Caracol
foi transformado
Num belo príncipe ali a seu lado
Que à Lusinha fala de amor

Mas nisto... Toca o despertador!

Isabel Lamas
publicado por RAA às 16:04 | comentar | favorito
09
Out 10

Obra Poética I

autor: José Craveirinha (Lourenço Marques [Maputo], 28.5.1922 -- 6.2.2003)
título: Obra Poética I
editora: Editorial Caminho
local: Lisboa
ano: 1999
págs: 223
dimensões: 21x14,8x1,3 cm. (brochado)
impressão: Tipografia Lousanense
tiragem: 3000
capa: José Serrão
obs.: inclui os livros Xigubo (1964) e Karingana ua Karingana (1974)
publicado por RAA às 01:27 | comentar | favorito