21
Nov 10

FRAGMENTO

Se o vento ao mar azul o calmo espelho afaga,
sem ondas levantar, a terra já não amo:
sorrisos de um sereno e de um tranquilo fundo
me tentam alma inquieta. Mas se o estrondo ecoa
do Oceano abismos turvos, e se a crespa espuma
coroa as altas vagas que rebentam fortes,
para a terra me volto e seus profundos bosques
onde os pinheiros cantam no soprar do vento.
Aquel' que um lenho habita e sobre o mar trabalha
dos fugitivos peixes só vivendo, tem
sorte mais triste. Eu lânguido me alongo aonde
o murmurar do rio ao espírito me anima,
sem que da paz o acorde ou súbito o perturbe.

Mosco de Siracusa

(Jorge de Sena)
publicado por RAA às 23:45 | comentar | favorito

AS ESCOLAS

Abecedário novo
colónia ultra de mar de insensatez
voltada do avesso
a história de um rei aqui de espada
e armadura cavaleira
(e nós sem termos nada
com quinhentos anos de tanta asneira
ensinada
régua bambu
cultura ocidental palmatoada).
Abecedário novo
nos olhos do sol nascer as letras
desta manhã
para a palavra mais.

Manuel Rui
publicado por RAA às 19:52 | comentar | favorito
21
Nov 10

...

O interior do corpo como um fruto do silêncio ou como um sopro imóvel, ainda um frémito mas tão tranquilo no seu sono que a palavra se suspende como uma nuvem à beira do irrespirável.

António Ramos Rosa
publicado por RAA às 16:50 | comentar | favorito