27
Nov 10

THE SNOWMAN

One must have a mind of winter
To regard the frost and the boughs
On the pine-trees crusted with snow;

And have been cold a long time
To behold the junipers shagged with ice,
The spruces rough in the distant glitter

Of the January sun; and not to think
Of any misery in the sound of the wind,
In the sound of a few leaves,

Wich is the sound of the land
Full of the same wind
That is blowing in the same bare place

For the listener, who listens in the snow,
And, nothing himself, beholds
Nothing that is not there and the nothing that is.

Wallace Stevens
publicado por RAA às 23:54 | comentar | favorito

SALÃO DE BELEZA (2ª Impressão)

Dorida visão esta pobre velha
à saída do salão de beleza.
Apesar dos muitos e pesados passos
que deixou na terra, do lastro insuportável
de seus anos movediços,
ainda encontra forças para arrastar a alma
até ao reverso de um espelho e desenhar,
de memória, o sanguíneo traço dos lábios,
armar o cabelo para mais uma ilusão.
Admirável a tenacidade das ervas
que à enxurrada opõem a verdura de um grito
e resistem à lição de Marco Aurélio,
ao prolongado cerco da realidade.
Admiráveis porque vestem de gala
para mais uma dança, já solitária,
num baile de fantasmas, todo mental,
sem dar crédito à melancolia nem ouvidos
ao tirânico juízo da crua, da falsa
da estúpida carreta fúnebre.

José Miguel Silva
publicado por RAA às 21:58 | comentar | favorito
27
Nov 10

DÍSTICO

O viver que grita muito não diz nada.
A morte ao dizer tudo é bem calada.

8/7/38


Jorge de Sena
publicado por RAA às 16:40 | comentar | favorito