E veio a noite do alarido.
A noite clara, a noite fria,
com perfurados calafrios.
A noite com punhais erguidos
e olhos devassando perigos.
A noite cava, com ladridos
de cães atiçados. E espias.
A noite com tremores lívidos
e com membros estarrecidos
diante das ovelhas suicidas.
A noite de mármore e níquel
despedaçando-se em tinidos
no cristal violento das criptas.
Montanhas de ferro em vigília,
longas árvores comprimidas
e astros de fogo em carne viva
pasmaram de tanto alarido.
Henriqueta Lisboa