12
Dez 10

COMO OS OUTROS

Como os outros discípulo da noite
frente ao seu quadro negro
que é exterior à música
dispo o reflexo Sou um
e baço

dou-me as mãos na estreita
passagem dos dias
pelo café da cidade adoptiva
os passos discordando
mesmo entre si

As coisas são a sua morada
e há entre mim e mim um escuro limbo
mas é nessa disjunção o istmo da poesia
com suas grutas sinfónicas
no mar.

Sebastião Alba
publicado por RAA às 23:56 | comentar | favorito

RUA

Mil coisas me contavam,
mil números,
mil coisas decifradas
e mais uma.

Sempre de perfil
no umbral do mundo,
a porta não entrando
das certezas,

às doutrinas fugia
e suas poses.
E em meu ombro adeus

cerrou-se a porta:
«Ó homem de esguelha
como quem ouve vozes!»

Pedro Alvim
publicado por RAA às 19:22 | comentar | favorito
12
Dez 10

CANÇÃO DE EMBALAR

Dorme meu menino a estrela d'alva
Já a procurei e não a vi
Se ela não vier de madrugada
Outra que eu souber será p'ra ti

Outra que eu souber na noite escura
Sobre o teu sorriso de encantar
Ouvirás cantando nas alturas
Trovas e cantigas de embalar

Trovas e cantigas muito belas
Afina a garganta meu cantor
Quando a luz se apaga nas janelas
Perde a estrela d'alva o seu fulgor

Perde a estrela d'alva pequenina
Se outra não vier para a render
Dorme que inda a noite é uma menina
Deixa-a vir também adormecer

José Afonso
publicado por RAA às 17:22 | comentar | favorito