16
Dez 10

POEMA

Eu te amarei ainda que tu morras

em mim o teu cadáver transparente

flutuando nas barras e masmorras

em que se gruda mim, fluorescente

recordo, de instantes intangíveis

subsequentes moléstias em que urro

para ecos em corpos talvez inatingíveis

como ao ar não pode forte murro

revolver em matéria desagregada

ou dança de dados reprováveis

ama-me em mim a tatuagem

do teu destino em formas razoáveis

não formas inclementes da ramagem

verdelúcidas dos frutos acreágeis

ocre barro humano húmus e imagem

Alberto Luiz Baraúna
publicado por RAA às 17:45 | comentar | favorito

POEMA

Chove...

Mas isso que importa!,
se estou aqui abrigado nesta porta
a ouvir a chuva que cai do céu
uma melodia de silêncio
que ninguém mais ouve
senão eu?

Chove...

Mas é do destino
de quem ama
ouvir um violino
até na lama.

José Gomes Ferreira
publicado por RAA às 11:59 | comentar | favorito
16
Dez 10

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei-de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quanto mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes 
publicado por RAA às 11:17 | comentar | favorito