06
Jan 11

NÔS SINA

Distino di nôs caboverdiano
É cumâ tchota na sê ninho.
Necê, criâ, sarrâ pena
Dipôs buâ pa mundo londge.

Nhor Dês qui dano, no recebê
És sina di fidjo-di-terra
Largâ família pa djobê bida
Dipôs voltâ pa morrê la.

Quando pequeno, 'n creba tanto
Crecê dipressa pa saltâ mar.
Agô mi londge co és sodade
'N ta dâ tudo pam ser minino.

Quel estória di embarcadio
Era fantasia e nada más.
Pamó el dixâ di narrâ
Nôs bida na terra stranho.

Artur Vieira
publicado por RAA às 16:42 | comentar | favorito

VISÃO

Vi-te passar, longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante;
Ias de luto, doce tutinegra,
E o teu aspecto pesaroso e triste
Prendeu minha alma, sedutora negra;
Depois, cativa de invisível laço,
(O teu encanto, a que ninguém resiste)
Foi-te seguindo o pequenino passo
Até que o vulto gracioso e lindo
Desapareceu longe de mim, distante,
Como uma estátua de ébano ambulante.

Caetano da Costa Alegre
publicado por RAA às 15:21 | comentar | favorito

A BILHA

Bilha: forma que se casa
Com o meu coração,
A dar-me, simples, a asa,
Como um menino a mão!

Bilha que serve, na mesa,
E espera, sobre a toalha,
Que a gente sinta a beleza
De quem trabalha...

Bilha: donzela que dançou,
Dançou tanto de roda,
E na "pose" que me agrada,
De repente ficou!

Alexandre O'Neill
publicado por RAA às 14:27 | comentar | favorito
06
Jan 11

...

Homem é filho do nada
E do abandono a presa
Seu coração folha seca
Pelos ventos fustigada.

Ibn Dawud al-Marwani

(Adalberto Alves)
publicado por RAA às 11:51 | comentar | favorito