11
Jan 11

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Ai eu, coitada, como vivo
en gran cuidado por meu amigo
     que ei alongado! Muito me tarda
     o meu amigo na Guarda!

Ai eu, coitada, como vivo
en gran desejo por meu amigo
     que tarda e non vejo! Muito me tarda
     o meu amigo na Guarda!

D. Sancho I
publicado por RAA às 16:00 | comentar | favorito

A CARTA

Benvinda a carta que chegando mostra
O seu rosto lindo, todo felicidade,
Veste-a a túnica de que mais se gosta
Ostentando a festa da fidelidade.

Não páro de olhá-la, tão desvanecido,
Minha mão lhe toca com veneração
Dou-lhe o meu afago depois de a ter lido
Ponho nela o beijo do meu coração.

Ibn Habib

(Adalberto Alves)
publicado por RAA às 14:25 | comentar | favorito
11
Jan 11

POEMA

Onde estavas, amor, que te não vi?

Eram cavalos-nevoeiro que montavas
por entre as brisas redondas.
Eram gritos de negro que escondias
nos soluços de sombras.
Eram horizontes que temias
nas noites despidas de sonatas.
Eram marés de turbilhão que repelias
no labirinto do vento.
Eram cortinas de aranha que corrias
no lamento
dos desfiladeiros inconcretos.
Eram cinzentas cruzes que erguias
em suspiros secretos.

E eu sem te ver, amor, e tu tão perto!

Era um mundo-jardim
cigano e aberto
desabrochando em teu regaço de silêncio:
água corrente em desprender de lamas
caudal de labaredas emboscadas,
faróis da noite em chamas,
madrugadas.
Que longínquo país te habitava,
que nevoeiro imenso te escondia,
que febre de queimar te delirava,
que tu estavas tão perto e te não via?

Francisco Delgado
publicado por RAA às 11:45 | comentar | favorito