27
Jan 11

ACENTUAÇÃO GRAVE

governo         permanente
povo             doente
coragem        ausente
ditadura         vigente
castração*     evidente
nação*           indolente

*agudo

Liberto Cruz
publicado por RAA às 23:56 | comentar | favorito

POESIA E ORIGEM

O pólen de ouro que arde no recesso
das corolas, no segredo dos pistilos;
a visão musical de outros tranqüilos
céus onde o amor esteve (ou está) disperso;

a secreta palpitação de uma beleza
mais casta, de uma luz que se anuncia,
trazem-me a sensação do próprio dia,
numa contemplação que é mais certeza.

Certeza? antes, o supremo encantamento
de quem renasce com as manhãs, em luminosa
plenitude, e as vê morrer, frágeis, ao vento.

A poesia é o dia reinventado.
E nós, que tanto sonhamos ao criá-la,
não nos lembramos mais de haver sonhado.

Alphonsus de Guimaraens Filho
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HEIDENRÖSLEIN

Viu um rapaz uma rosa
-- rosinha do silvado...
Era tão fresca e formosa
que de vê-la assim airosa
quedou logo enamorado...
-- Linda, linda, linda rosa,
     rosinha do silvado!

Diz ele: Vou apanhar-te,
-- rosinha do silvado!
E vai ela: Hei-de picar-te!
Ficas de mim a lembrar-te!
que desprezei teu cuidado...
-- Linda, linda, linda rosa,
     rosinha do silvado!

Logo o cruel a colheu,
-- rosinha do silvado!
Ela bem se defendeu,
mas de nada lhe valeu:
já era aquele o seu fado!...
-- Linda, linda, linda rosa,
     rosinha do silvado!

Goethe

(Luís Cardim)
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27
Jan 11

...

Non chegou, madr', o meu amigo,
e oj' est' o prazo saído!
          Ai, madre, moiro d'amor!

Non chegou, madr', o meu amado,
e oj' est' o prazo passado!
          Ai, madre, moiro d'amor!

E oj' est' o prazo saído!
Por que mentiu o desmentido?
           Ai, madre, moiro d'amor!

E oj' est' o prazo passado!
Por que mentiu o prejurado?
          Ai, madre, moiro d'amor!

Por que mentiu o perjurado,
pesa-mi, pois mentiu a seu grado.
          Ai, madre, moiro d'amor!

D. Dinis
publicado por RAA às 11:15 | comentar | ver comentários (2) | favorito
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