05
Fev 11

...

Às vezes apetece
um pequeno pátio      um sibilar de vento
e aroma de mar
apetece um sulco de giz
no rosto do poema
um laço
uma ponte entre o clamor do vento
e a haste do mundo

às vezes apetece
um mapa
um gesto camponês
lavrando a solidão incendiando a terra

apetece um ofício puro
uma estrela ardida no lugar do coração.

Fernando Jorge Fabião
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05
Fev 11

VIESSES TU POESIA...

Viesses tu, Poesia,
e o mais estava certo.
Viesses no deserto,
viesses na tristeza,
viesses com a Morte...

Que alegria mereço, ou que pomar,
se os não justificar,
Poesia,
a tua vara mágica?

Bem sei: antes de ti foi a Mulher,
foi a Flor, foi o Fruto, foi a Água...
Mas tu é que disseste e os apontaste:
-- Eis a Mulher, a Água, a Flor, o Fruto.
E logo foram graça, aparição, presença,
sinal...

(Sem ti, sem ti que fora
das rosas?)
Mortas, mortas pra sempre na primeira,
morta à primeira hora.)

          Ó Poesia!, viesses
          na hora desolada
          e regressara tudo
          à graça do princípio...

Sebastião da Gama

publicado por RAA às 16:41 | comentar | ver comentários (4) | favorito