Não chores, rapariga, é boa a guerra.
Lá porque o teu rapaz ergueu as mãos ao céu
E a galope o cavalo se perdeu,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Tambores de regimento rufam roucos,
E esta gente sequiosa de lutar
Nasceu para a recruta e pra morrer.
A inexplicada glória os sobrevoa,
É grande o deus da guerra, e é seu reino
Um campo com milhares a apodrecer.
Não chores criancinha, é boa a guerra.
Porque o teu pai tombou na lama da trincheira,
Esfacelado o peito e já sem vida,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Bandeiras crepitando esvoaçantes,
Águias douradas, rubras! Esta gente
Nasceu para a recruta e pra morrer.
Mostrai-lhe as eficácias do massacre,
Dizei-lhe da excelência de matar,
De um campo com milhares a apodrecer.
Mãe cujo amor é qual botão mesquinho
Ne esplêndida mortalha de teu filho,
Não chores, não.
É boa a guerra.
Stephen Crane