17
Mar 11

ELEGIA

Não fales no filho
que não conheci.
Os olhos, disseram,
como os do pai
eram tristes;
da mãe tinha a boca
o nariz também.
Por três segundos
respirou, disseram.
Morreu depois.
O mundo deixou-lhe
a marca, disseram,
numa injeção que tomou.
Coberto de lágrimas
foi e não voltou.
Não fales no filho
que não conheci.

Aluízio Medeiros
publicado por RAA às 17:27 | comentar | favorito

IN TENEBRIS

Tempo de inverno corre:
mas a dor do separar
essa não pode voltar:
duas vezes não se morre.

Voam pétalas de flor;
mas por já acontecido
este partir revivido
não pode trazer-me dor.

Aves desmaiam de medo:
que força pode perder
no negro frio a correr
quem perdeu dela o segredo?

As folhas gelam no frio;
mas que amizades amantes
podem gelar como dantes
quem no Inverno sumiu?

Que nos firam temporais;
mas o amor já não tortura
um coração que não dura:
este Inverno é como os mais.

Da noite o negro é limiar,
mas a noite não aterra
quem sem dúvidas se cerra
e só espera sem esperar.

Thomas Hardy

(Jorge de Sena)
publicado por RAA às 14:14 | comentar | favorito
17
Mar 11

À MA MÈRE

Lorsque ma soeur et moi, dans les forêts profondes,
Nous avions déchiré nos pieds sur les cailloux,
En nous baisant au front tu nous appelais fous,
Après avoir maudit nos courses vagabondes.

Puis, comme un vent d'été confond les fraîches ondes
De deux petits ruisseaux sur un lit calme et doux,
Lorsque tu nous tenais tous deux sur tes genoux,
Tu mêlais en riant nos chevelures blondes.

Et pendant bien longtemps nous restions là blottis,
Heureux, et tu disia parfois: Ô chers petits!
Un jour vous serez grands, et moi je serai vieille!

Les jours se sont enfuis, d'un vol mystérieux,
Mais toujours la jeunesse éclatante et vermeille
Fleurit dans ton sourire et brille dand tes yeux.

Théodore de Banville
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