18
Mar 11

A Noite Dividida

autor: Sebastião Alba (Braga, 11.III.1940 -- 14.X.2000)
título: A Noite Dividida
colecção: «Peninsulares / Literatura» #48
editora: Assírio & Alvim
local: Lisboa
ano: 1996
págs.: 158
dimensões: 20,6x13,5x0,9 cm. (brochado)
impressão: Guide - Artes Gráfica, Lisboa
publicado por RAA às 23:57 | comentar | favorito

...

Ai quantas vezes,
ai quantas, quantas
no turvo mar,
o mar penteado
pelas rajadas
como a desordem
da cabeleira
de uma mulher,
eu suspirei,
morto em saudade,
pela doçura
de regressar.

Arquíloco

(Jorge de Sena)
publicado por RAA às 15:56 | comentar | favorito

VOZ IMORTAL

Fui hoje dedilhar meu antigo quissange,
que abandonara um dia...
Milagre: já não tange
o choro das antigas vibrações,
mas sim novas canções e novos hinos
de dor e de alegria!

Bati no bumbo roto,
que eu já deitara fora.
-- Nasceu um som potente,
mais belo do que outrora,
entrando mais no espírito da gente.

Geraldo Bessa Victor
publicado por RAA às 14:21 | comentar | favorito
18
Mar 11

A FOLHA DE SALGUEIRO

Adoro essa mulher moça e formosa,
Que à janela, a sonhar, vejo esquecida,
Não por ter uma casa sumptuosa
Junto ao Rio Amarelo construída...
-- Amo-a porque uma folha melindrosa
Deixou cair nas águas, distraída.

Também adoro a brisa do Levante,
Não por trazer a essência virginal
Do pessegueiro que floriu distante,
No pendor da Montanha Oriental...
Amo-a porque impeliu a folha errante
Ao meu batel, no lago de cristal.

E adoro a folha, não por ter lembrado
A nova primavera que rompeu,
Mas por causa do nome idolatrado
Que essa jovem mulher nela escreveu
Com a doirada agulha do bordado...
          E esse nome... era o meu!

António Feijó
publicado por RAA às 12:46 | comentar | favorito