20
Abr 11

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as provas de amor se manifestam
quando não são exigidas

publicado por RAA às 17:54 | comentar | favorito

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Pois nossas madres van a San Simon
de Val de Prados candeas queimar,
nós, as meninhas, punhemos d'andar
con nossas madres, e elas enton
          queimen candeas por nós e por si
          e nós, meninhas, bailaremos i.

Nossos amigos todos lá iran
por nos veer, e andaremos nós
bailand' ant' eles, fremosas [en] cós,
e nossas madres, pois que alá van,
          queimen candeas por nós e por si
          e nós, meninhas, bailaremos i.

Nossos amigos iran pour cousir
como bailamos, e poden veer
bailar moças de bon parecer,
e nossas madres, pois lá queren ir,
          queimen candeas por nós e por si
          e nós, meninhas, bailaremos i.

Pero de Viviães
publicado por RAA às 17:28 | comentar | favorito

NÁUFRAGO

Neste espantoso e surdo mar em que me agito
Bem quero soçobrar... Em fúria cega e tanta
Quando eu lutando em vão me afundo e precipito
Logo uma vaga enorme e torva me alevanta...

Tolda-me o espaço a lucidez... e se medito
Toda a razão se desvanece e se quebranta;
Fito os olhos no vago, e cego... e se os desfito
Logo a fascinação da luz se desencanta...

Se a espaços a distingo, a forma que se esfuma
É a do corpo meu, boiando sobre o mar
Já roxo e mutilado, envolto pela bruma...

E a Dúvida persiste... as ondas agitadas
Amortalham de espuma o corpo, que a boiar
Fita no espaço ainda as órbitas vazadas...

José Coelho Pacheco 
publicado por RAA às 14:33 | comentar | favorito
20
Abr 11

RATOS E HOMENS

But if the while I think on thee, dear friend / All losses are restor'd, and sorrows end.


                                                                                                                                                                                          Shakespeare

No Bosque Proibido, romance de Mircea Eliade, Stefan refugiou-se do blitz londrino nas estações do Metro. No bolso levava sempre uma edição dos sonetos de Shakespeare, que lia obstinadamente enquanto as bombas caíam. Os Sonnets preservavam-no da ameaça lançada dos ceús. Nessa espécie de esgoto, a poesia fazia a diferença entre ratos e homens.
publicado por RAA às 11:19 | comentar | ver comentários (3) | favorito