27
Abr 11

VARIANTE POUR UNE FIN

On vient de sonner à la porte
Personne
Qu'est-ce que je me veux
De toute façon ce fantôme
aurait maintenant
des cheveux
blancs
comme
moi
On sonne on sonne
Sans doute ne sait-il plus quoi
faire de ses dix doigts les mains mortes

Paul Gilson
publicado por RAA às 16:43 | comentar | favorito

MUNDO DE AVENTURAS

Uma pequena aldeia na planície arménia,
nevoeiro matinal no porto de Dieppe.
O silvar agudo nos cimos dos Cárpatos,
um castelo solitário num lago escocês.
Um junco chinês no mar do Japão,
um trilho de camelos na Rota da Seda.
Um catre vazio no mosteiro da Arrábida,
uma via romana na serra do Gerês.
Uma mesa de cozinha e odores de Outono,
um eucaliptal onde brinco com o Avô.
O último número da revista tão esperada,
despojos da infância que se me acabou.
Sintra, 21 de Março de 2001
publicado por RAA às 11:42 | comentar | favorito
27
Abr 11

CARREGADORES

A pena que me dá ver essa gente
Com sacos sobre os ombros, carregadíssima!...
Às vezes é meio-dia, o sol tão quente,
E os fardos a pesar, Virgem Santíssima!...

À porta dos monhés, humildemente,
Mal a manhã desponta a vir suavíssima,
Vestido rotas sacas, tristemente
Lá vão 'spreitando a carga pesadíssima...

Quantos, velhinhos já, avós talvez,
Dez vezes, vinte vezes, lés a lés
Num dia só percorrem a cidade!

Ó negros! Que penoso é viver
A vida inteira aos fardos de quem quer
E na velhice ao pão da caridade...

Rui de Noronha
publicado por RAA às 11:06 | comentar | favorito