31
Mai 11

A SERPENTE

Muito comprida.

Jules Renard
(Jorge de Sena)
publicado por RAA às 14:35 | comentar | favorito
31
Mai 11

RUINES DU COEUR

Mon coeur était jadis jadis comme un palais romain,
Tout costruit de granits choisis, de marbres rares.
Bientôt les passions, comme un flot de barbares,
L'envahirent, la hache ou la torche à la main.

Ce fut une ruine alors. Nul bruit humain.
Vipères et hiboux. Terrains de fleurs avares.
Partout gisaient, brisés, porphyres et carrares;
Et les ronces avaient effacé le chemin.

Je suis resté longtemps seul, devant mon désastre.
Des midis sans soleil, des minuits sans un astre,
Passèrent, et j'ai, là, vécu d'horribles jours;

Mais tu parus enfin, blanche dans la lumière,
Et, bravement, afin de loger nos amours,
Des debris du palais j'ai bâti ma chaumière.

François Coppée
publicado por RAA às 11:33 | comentar | favorito
30
Mai 11

NARCISO

a água cala
e lisa pára o múltiplo reflexo
por segundos
abre um sono de prata
em pedra e gota
a imagem se esquece
na pétala que decepa
olho por olho

Angela de Campos
publicado por RAA às 14:18 | comentar | ver comentários (2) | favorito
30
Mai 11

...

(com palavras de Cecília Meireles)

A vida completa e bela e terna
está aqui já
mas não é desnecessário
escrever poemas

Adília Lopes
publicado por RAA às 11:47 | comentar | favorito
29
Mai 11
29
Mai 11

BLEU OUTREMER

Il y a des chansons de mon pays,
-- de pauvres chansons en deuil! --
qui resonnent encore á mon oreille
dans les boulevards á Paris...

Et quoique j'aie un coeur sensible,
je n'ai jamais aimé
ces chansons nostalgiques...
-- Pauvres amours,
qui rôdent autour
de mon âme invisible!...

Oh! sur le pont métalique,
ces yeux qui se perdent
dans un remous!...

Le sauver?!
Pourqui faire?!
-- Laissons mourir le fou!...

Au jardin d'Hiver
J'ai vu les acrobates nus!

Au premier rang:
Jean Cocteau!...

Il y avait de l'eau
salée dan ses yeux francs,
et le souvenir lointain,
anormal,
d'un baiser maritime...

                           Paris, 1926


Olavo d'Eça Leal
publicado por RAA às 19:30 | comentar | favorito
28
Mai 11

Sonetos de Amor Ilhéu

autor: Cristóvão de Aguiar (Pico da Pedra, 1941)
título: Sonetos de Amor Ilhéu
edição: do Autor
local: Coimbra
ano: 1992
págs.: 23
dimensões: 20x12,6x0,2 cm. (brochado)
impressão: Ediliber, Coimbra
tiragem: 250
publicado por RAA às 23:55 | comentar | favorito
28
Mai 11

O TEU NOME

Olho-te, a esta distância,
E recordo ainda o teu nome
Desenhado a lápis
No caderno escolar.

Vejo-o a brilhar,
Como se fossem de oiro
Todos os nomes da infância.

João Manuel Bretes
publicado por RAA às 15:32 | comentar | favorito
27
Mai 11

NEM NAVIO

Nem navio nem sombra de nuvem no mar
para um adeus de largada...

             Esta saudade infinita
             é uma ilusão que se disfarça.

Grita
que a dor passa!

-- Saudade é voz ancorada...

Manuel Lopes
publicado por RAA às 13:57 | comentar | favorito
27
Mai 11

POSTAL DE CABO FRIO

o céu
o sol
o vento o mar o sal.

tirando o que é rendoso
pertence o mais a todos.

o de sempre:
o sal entra na pele dos turistas
e sai pelo suor dos homens da salina.

operários do sal e concretismo
sal / saliva
sal / salário
no sal do saldo pouco: sal de assalto.

vento sopra nos estanques:
água-mãe (é mãe, coitada)
volta ao mar envergonhada.

Mário de Oliveira
publicado por RAA às 10:49 | comentar | favorito
26
Mai 11
26
Mai 11

SÃO MEUS ESTES RIOS

São meus estes rios
que buscam caminho
rastejando entre luar e silêncio,
sombra e madrugada,
até ao seu fim marítimo.

A minha alma está neles,
líquida e sonora
como a água entre o quissange das pedras,
o anoitecer das fontes.

Tenho rios vermelhos e quentes
na minha dimensão física,
rios remotos, remotos como eu.

Manuel Lima
publicado por RAA às 14:43 | comentar | ver comentários (2) | favorito