PARTIDA PARA O CONTRATO

O rosto retrata a alma

amarfanhada pelo sofrimento

 

Nesta hora de pranto

vespertina e ensanguentada

Manuel

o seu amor

partiu para S. Tomé

para lá do mar

 

Até quando?

 

Além no horizonte repentinos

o sol e o barco

se afogam

no mar

escurecendo

o céu escurecendo a terra

e a alma da mulher

 

Não há luz

não há estrelas no céu escuro

Tudo na terra é sombra

 

Não há luz

não há norte na alma da mulher

 

Negrura

Só negrura...

 

Agostinho Neto

publicado por RAA às 23:35 | comentar | favorito