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A saudade vindoira espero-a, pois, agora
Que acho o presente em rosas brancas desfolhado,
Mais um ano, dois, três, e hoje será outrora
E todo este fulgor é a sombra do passado.
Chorarei, e não mais hei-de rever a aurora
Que surgiu dentro em mim como um sonho doirado.
Foi este o dia, em tal distante, em tal hora,
E revejo-me só, sem ninguém a meu lado.
Mas depois, uma nova ilusão erradia
Vem buscar-me no grande ermo em que estou: floresce
De novo o lírio azul na floresta sombria.
Um cisne, erguendo o colo ebúrneo, esbelto o porte
Virginal, exaltado ao céu, canta uma prece...
Pobre alma! o sonho foi-se, e afinal surge a morte.
A dor imaterial que magoa o teu riso,
Ténue, pairando à flor dos lábios, tão de leve,
Faz-me sempre pensar em tudo que é indeciso:
Luares, pores-de-sol, cousas que morrem breve.
Alphonso de Guimaraens,