SÃO JOÃO DA CRUZ

Viver organizando o diamante

(Intuindo sua face) e o escondendo.

Tratá-lo com ternura castigada.

Nem mesmo no deserto suspendê-lo.

 

Mas

Viver consumido da sua graça.

Obedecer a esse fogo frio

Que se resolve em ponto rarefeito.

Viver: do seu silêncio se aprendendo.

Não temer sua perda em noite obscura.

E do próprio diamante já esquecido,

Morrer, do seu esqueleto esvaziado:
Para vir a ser tudo, é preciso ser nada.

 

Murilo Mendes

publicado por RAA às 14:33 | comentar | favorito