...

Que fazes tu, poeta? Diz! -- Eu canto.

Mas o mortal e monstruoso espanto

Como o suportas, como aceitas? -- Canto.

E que nome não tem, tu podes tanto

Que o possas nomear, poeta? -- Canto.

De onde te vem direito ao Vero, enquanto

Usas de máscaras, roupagens? -- Canto.

E o que é violento e o que é silente encanto,

Astros e temporais, como te sabem? -- Canto.

 

Rainer Maria Rilke

 

(Jorge de Sena)

publicado por RAA às 12:58 | comentar | favorito