SONETO

Retrato da beleza nova e pura

Que com divina mão, divino engenho,

Amor retratou na alma, onde vos tenho

Das injúrias do tempo mais segura:

 

Não mostreis aspereza em tal brandura,

Por vos vingar de mim, vendo que venho

A tanta confiança que detenho

Os olhos em tamanha formosura!

 

O resplendor do Céu, sem dar mais pena

A quem olha seus olhos em direito,

A vista só por breve espaço assombra...

 

Mas vossa luz mais clara, mais serena,

Juntamente me cega e abrasa o peito:

Vede o Sol que fará, de que sois sombra!

 

Diogo Bernardes

publicado por RAA às 14:42 | comentar | favorito