10
Fev 12

Poemas Portugueses para a Juventude

 

título: Poemas Portugueses para a Juventude

antologiador: Eugénio de Andrade

autores: João de Deus, António Nobre, Miguel Torga, Fernando Pessoa (5), Gil Vicente, Almeida Garrett, António Botto, Bocage, José Gomes Ferreira, Luís de Camões (7), Florbela Espanca, Cesário Verde (2), João Roiz de Castelo Branco, Alexandre O'Neill, José Régio, Vitorino Nemésio, António Ramos Rosa, Guerra Junqueiro, Teixeira de Pascoais, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bernardim Ribeiro, Camilo Pessanha (2), Sá de Miranda, Francisco Rodrigues Lobo, D. Dinis, Carlos de Oliveira, Frei Agostinho da Cruz, Aires Nunes de Santiago, Gomes Leal, Antero de Quental, Mário Cesariny, Fiama Hasse Pais Brandão, Ruy Belo, Mário de Sá-Carneiro, Jorge de Sena, Estêvão Coelho, Pedro Eanes Solaz, Luiza Neto Jorge, Diogo Bernardes, Fernando Assis Pacheco, Eugénio de Castro, Herberto Helder (mais 12 composições populares, do romanceiro e tradicionais).

edição: Asa Editores

local: Porto

ano: 2002

págs.: 108

dimensões: 22,9x13,3x1 cm. (brochado)

grafismo: Armando Alves

impressão: Grafiasa

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ODE

Para ser grande, sê inteiro: nada

Teu exagera ou exclui.

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és

No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda

Brilha, porque alta vive.

 

Ricardo Reis

(Fernando Pessoa)

publicado por RAA às 15:54 | comentar | favorito

NADIE, NADA

Ya todos mis recuerdos son ajenos,

lo que a mí me pasó le pasó a otro.

Hubo un niño que lleva mi nombre

y solo existe en las fotografías.

 

La tarde aquella, el fresco amanecer,

los dos desnudos bajo las estrellas,

dicha y desdicha, sombras en el agua,

palabras en la arena que alguien borra.

 

Soñé lo que creí haber vivido,

viví lo que creí haber soñado,

besé con labios que non eran los míos.

 

Imagino que fui, que soy, que sigo siendo.

Mi nombre es ninguno y es legión,

soy todos y soy nadie, nada, Dios.

 

José Luis García Martín

 

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10
Fev 12

TROVAS

Ó mães de fala amorosa,

Arrulhos do nosso ninho,

Dai-nos a benção piedosa,

Que nos proteja o caminho!

 

Pois não há maior consolo

Que a vossa bênção sem par,

Que nos trouxestes ao colo

E nos destes de mamar.

 

Ao pé de vós, por adverso

Que seja o mundo e os destinos

A vida parece um berço

-- Como era em pequeninos.

 

Amor de mãe quem tiver

Deve guardá-lo no peito:

Que não há amor de mulher

Que seja amor tão perfeito!

 

Amor de mãe é trazê-lo

No coração bem gravado,

-- Como a luz do sete-estrelo

Nas ondas do mar salgado...

 

Não há fonte, por mais fria

A quem morra de calor,

Que lhe dê tanta alegria,

Ó mães, como o vosso amor!

 

Não há rosas no caminho

Com tanta graça ou frescura,

Como a do vosso carinho,

Da vossa imensa ternura.

 

Quem tem mãe nasce-lhe o dia

Entre as agruras da sorte;

Quem a perdeu, principia

A ter saudades da morte...

 

Sede benditas e amadas,

E bendito o vosso nome,

Como a luz das madrugadas,

Como o pão que mata a fome.

 

Ai do que for, pobre e errante,

Calcando areias e brasas,

E, ó Mãe! não tenha um instante

A sombra das tuas asas!...

 

Júlio Brandão

publicado por RAA às 14:33 | comentar | favorito