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Fev 12

Setúbal -- Terra de Poetas e Cantadores

título: Setúbal -- Terra de Poetas e Cantadores
apresentação: Daniel Pires
catalogação, coordenação e textos: Daniel Pires, Fernando Marcos, Quaresma Rosa
autores: Miguel Cabedo de Vasconcelos, Frei Agostinho da Cruz, António de Cabedo, Vasco Mouzinho de Quevedo, Francisco Manuel de Brito Mascarenhas, Miguel do Couto Guerreiro, Santos e Silva, Manuel Maria Barbosa du Bocage, António maria Eusébio "o Calafate", Manuel maria Portela, Mariana de Andrade, Pe. Caetano de Moura Palha Salgado, Paulino de Oliveira, Arronches Junqueiro, António Joaquim Henriques, Maria Campos, João de Castro Osório, Santos Cravina, Carlos Alberto Ferreira Júnior, Eduardo Carvalho, Cabral Adão, Gonçalves Martins, Alcindo Bastos, maria Adeliade Rosado Pinto, Germano António da Silva Monteiro, Sebastião da Gama, Armando Trindade, José Afonso, Artur Jorge Ramos Camolas e um poema anónimo; em extratexto, fac-símiles de poemas de Helder Moura Pereira, António Osório,Viriato Soromenho Marques, Fernando Gandra e Miguel de Castro, entre outros.
edição: Centro de Estudos Bocageanos
local: Setúbal
ano: 2001
págs.: 140+16
dimensões: 21x14,3x0,8 cm (brochado)
capa: neroli design sobre foto de Fernando Marcos
impressão: Armazém de Papéis do Sado
tiragem: 1500
obs. catálogo de exposição
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A que morreu às portas de Madrid,

Com uma praga na boca

E a espingarda na mão,

Teve a sorte que quis,

Teve o fim que escolheu.

Nunca, passiva e aterrada, ela rezou.

E antes de flor, foi, como tantas, pomo.

Ninguém a virgindade lhe roubou

Depois dum saque -- antes a deu

A quem lha desejou,

Na lama dum reduto,

Sem náusea mas sem cio,

Sob a manta comum,

A pretexto do frio.

Não quis na retaguarda aligeirar,

Entre «champagne», aos generais senis,

As horas de lazer.

Não quis, activa e boa, tricotar

Agasalhos pueris,

No sossego dum lar.

Não sonhou minorar,

Num heroísmo branco,

De bicho de hospital,

A aflição dos aflitos.

 

Uma noite, às portas de Madrid,

Com uma praga na boca

E a espingarda na mão,

À hora tal, atacou e morreu.

 

Teve a sorte que quis.

Teve o fim que escolheu.

 

Reinaldo Ferreira 

publicado por RAA às 15:36 | comentar | favorito
16
Fev 12

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o poeta que há em mim

não é como o escrivão que há em ti

funcionário autárquico

 

     o profeta que há em mim

     não é como a cartomante que há em ti

     cigana fulana

 

o panfleto que há em mim

não é como o jornalista que há em ti

matéria paga

 

     o pateta que há em mim

     não é como o esteta que há em ti

     cana a la kant

 

o poeta que há em mim

é como o vôo no homem pressentido

 

Chacal

publicado por RAA às 10:52 | comentar | favorito
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