VERSOS À GRÉCIA

Mata o amor da Pátria o amor da Humanidade,

E ao pé da nossa Pátria a Humanidade o que é?!

Só em face da morte é que existe a igualdade;

Mesmo entre irmãos, na vida, há distância até.

 

Espírito que o mundo em teu braço agarras,

São debaixo do céu os homens tão dif'rentes!

P'ra defender os mais, sentimo-nos com garras,

Mas, p'ra nos defender, temos até os dentes.

 

Aos gritos dos clarins da velha Grécia em p'rigo,

O grande coração desse povo aviltado

Se em todos encontrou um coração amigo,

Fez do homem mais fraco um heróico soldado.

 

A nossa linda terra é Deus que no-la guarda!

Mas para libertar, convosco,o vosso solo,

Só não há-de saber pegar numa espingarda

Quem não souber pegar numa criança ao colo.

 

Há mil bocas de fogo em cada peito: é abri-lo!

Nas bocas dos canhões há corações a arder!

Fala-se em pátria? Basta! É o seu torrão aquilo

Que eles defendem? Basta! Eles hão-de vencer.

 

Lutar-se braço a braço e fibra contra fibra,

É o que a nossa razão e consciência ensina;

Não gosto do punhal, mas quando quem o vibra

É fraco e aviltado, é uma arma divina!

 

Porque sou, como vós, dum país ameaçado,

Eu compreendo, agora, o vosso ódio bem;

Amanhã entrarão no meu país amado

E tentarão matar os meus irmãos também.

 

Que importa? Ao expirar coberto de mil f'ridas,

Eu direi para mim, mais viva a fé que tinha,

Que todas as nações poderão ser vencidas,

Há uma só que nunca o pode ser: é a minha!

 

Pois pensai vós também que, seja como for,

Não há nada e ninguém que aniquilar-vos possa,

E a bandeira que ergueis, de que nem sei a cor,

Há-de tomar no ar as lindas cor's da nossa.

 

Sofrereis? Certamente! E que importa sofrer?

Só a dor purifica e torna a vida bela!

Quem me dera uma hora igual, p'ra combater!

A minha Pátria assim, para morrer por ela!

 

Fausto Guedes Teixeira

publicado por RAA às 14:46 | comentar | favorito