HOMO

Penso. Verbo, sou uma voz sonora...

Abalo os mundos, pelo céu alastro...

Asa e fogo. Crepito e subo. Um astro

A arder, errante, pela noite fora.

 

Transcendo o infinito. Zoroastro,

Jesus ou Buda a procurar a aurora

Do dia eterno, enquanto a dor clamora:

-- «Deus passou por aqui: segue-lhe o rastro...»

 

O soluço imortal! O grito amargo

Vare embora os abismos, não me assombra

E aremesso-me além! mais alto! e ao largo!

 

E Deus? Como atingi-lo? Dilacero

A sombra onde se oculta e -- ó desespero,

Ó voo inútil -- não se acaba a sombra...

 

Cândido Guerreiro

publicado por RAA às 18:12 | comentar | favorito