"Ah, a noite que eu, sem fim, passei..."

Ah, a noite que eu, sem fim, passei...

O Tempo alargava a sua duração

E dava-lhe o cerne do que na vida amei.

Comentaram alguns, pela noite fora,

Como se ia escoando a sua mansidão.

Mas a noite somente consentia a aurora...

 

Das nuvens tão denso era o breu

Que já não se sabia o que era Terra ou Céu.

Ao longe o raio entre trevas se escondia:

Era um negro que entre lágrimas sorria.

 

Brandi alto o sabre da minha vontade

E tingi o manto dessa mesma aurora

Ao ferir o colo da escuridade

Com o sangue da noite, pela noite fora.

 

Ibn Sara

(Adalberto Alves)

publicado por RAA às 18:54 | comentar | ver comentários (2) | favorito