A VARIEDADE DO MUNDO

Este nasce, outro morre, acolá soa

Um ribeiro que corre, aqui suave,

Um rouxinol se queixa brando e grave,

Um leão c'o rugido o monte atroa.

 

Aqui corre uma fera, acolá voa

C'o grãozinho na boca ao ninho, ua ave,

Um derruba o edifício, outro ergue a trave,

Um caça, outro pesca, outro enferoa.

 

Um nas armas se alista, outro as pendura

Ao soberbo Ministro aquele adora,

Outro segue do Paço a sombra amada.

 

Este muda de amor, aquele atura.

Do bem, de que um se alegra, o outro chora...

Oh Mundo, oh sombra, oh zombaria, oh nada!

 

António Barbosa Bacelar,

in Maria Ema Tarracha Ferreira,

Antologia Literária Comentada

-- Época Clássica - Século XVII

publicado por RAA às 22:28 | comentar | favorito