EM TEMPO ALHEIO

Peço desculpa de ser

o sobrevivente.

Drummond, As Impurezas do Branco

 

 

Demasiados mortos para a

minha memória

O dia está aí um projector nos rostos

que repetem

cenas, deslocando-se entre os móveis

polidos pelos anos e as árvores, com falas retardadas

Não há quem sobreviva a ninguém no cenário

são somente aparências o que está

e o que falta,

todos em cada um,

enquanto ausentes o habitam como casa

em tempo alheio

Deixastes toda a esperança vós que entrastes

na memória

 

Gastão Cruz,

Rua de Portugal / O Escritor #22

(Lisboa, 2007)

 

publicado por RAA às 19:58 | comentar | favorito