DA QUIETAÇÃO
Dos males, que passei no povoado,
Fugi para esta Serra erma e deserta,
Vendo que quem servir seu Deus acerta,
Certo tem tudo o mais ter acertado.
E para mais pureza ser forçado
Mostrar a paciência descoberta,
Que quando o tentador se desconcerta,
O paciente fica concertado.
Passou a furiosa tempestade,
Ouve-se a voz da rola em nossa terra,
Soando com maior suavidade.
Cobriu-se d'alvas flores toda a Serra,
A minha alma de doce saudade,
Em paz me faz amor divina guerra.
Frei Agostinho da Cruz, Sonetos e Elegias /
/ A Serra da Arrábida na Poesia Portuguesa
(edição de António Mateus Vilhena e Daniel Pires)