DA QUIETAÇÃO

Dos males, que passei no povoado,

Fugi para esta Serra erma e deserta,

Vendo que quem servir seu Deus acerta,

Certo tem tudo o mais ter acertado.

 

E para mais pureza ser forçado

Mostrar a paciência descoberta,

Que quando o tentador se desconcerta,

O paciente fica concertado.

 

Passou a furiosa tempestade,

Ouve-se a voz da rola em nossa terra,

Soando com maior suavidade.

 

Cobriu-se d'alvas flores toda a Serra,

A minha alma de doce saudade,

Em paz me faz amor divina guerra.

 

Frei Agostinho da Cruz, Sonetos e Elegias /

/ A Serra da Arrábida na Poesia Portuguesa

(edição de António Mateus Vilhena e Daniel Pires)

publicado por RAA às 19:46 | comentar | favorito