PASTORAL

Por ser tão leve o teu passar

Na estrada, à tarde, quando vens

De pôr o gado que não tens,

A pastar...

 

Por ser tão brando o teu sorrir,

Tão cheio de feliz regresso

Do longe prado, onde apeteço

Contigo ir...

 

Por ser tão breve o teu querer

Alguém que perto de ti passe

E, porque a tarde cai, te abrace,

Sem nada te dizer...

 

Por ser tão calmo o teu sonhar

Que já é tempo de não ter

Esse rebanho de pascer,

Mas outro de amamentar...

 

É que eu me perco no caminho

Do grande sonho sem janelas,

De estar contigo no moinho,

Sem o moleiro nem as velas.

 

Carlos Queirós, Desaparecido

publicado por RAA às 13:12 | comentar | favorito