"O boi morreu naquela madrugada de Abril."
O boi morreu naquela madrugada de Abril.
António adormecera a seu lado, caído de sono nas palhas.
Quando acordou, a candeia velava ainda e o boi-amigo morto.
Morto. Bezerrinho, custara sete notas na feira de Ancião.
Cacilda chorou silenciosamente; os filhos acariciaram o lombo,
trémulos de medo e espanto.
Abril e a terra por lavrar.
Abril e daí a meses o milho sem o dorso rijo do boi a caminho da eira.
O pasto apodrecendo no monte.
As oliveiras por amanhar.
Abril, madrugada, e o boi-amigo morto.
Deus nos perdoe: Antes se fosse gente.
Fernando Namora, Terra