SÉTIMO POEMA DO PESCADOR

Como estrela cadente

como pedra rolando

na corrente

como lua caindo por detrás das dunas

como revérbero nas águas como reflexo

como um foco na noite

como um cigarro uma lanterna um astro

como escamas luzindo no canal

como o resto de um rasto

como um sinal: mada mais do que um sinal

uma luz a acender e a apagar.

Ou eu

a pescar.

 

Lisboa, 26.12.96

 

Manuel Alegre, Senhora das Tempestades (1998)

publicado por RAA às 19:39 | comentar | favorito