TARDE
Vago sabor de outono
E de coisas extintas.
Nem desejos nem dor...
Meu coração esquece.
No ar parado voga
Talvez uma saudade
De tudo que perdi,
De tudo que não fui.
Ninguém chama por mim
Nem chamo por ninguém.
Instante calmo e triste...
Como a vida está longe!
No dia húmido cai
Um silêncio dormente.
Uma música ausente
Meu coração embala.
Luís Amaro
As Folhas de Poesia Távola Redonda
(edição: António Manuel Couto Viana)