NOVA POESIA

(Ao Amílcar Cabral)

 

Um dia, misteriosamente,

   A Poesia perdeu-se.

   E muita gente

   Andou por montes e vales

   Buscando-a raivosamente.

 

   Encostas inacessíveis

   Foram galgadas em vão,

   Gritos e mãos para os céus

   Lágrimas, sangue e suor...

   E a própria vida

   Foi também oferecida...

   Mas a Poesia estava

   Irremediavelmente perdida.

 

   Os homens gritaram raivas:

   -- Não sabiam que fazer...

 

   Mas, de cada peito contrito,

   De cada lágrima ou grito,

   De cada gesto de dor,

   De todo o sangue ou suor

   Discretamente nascia

   Uma nova Poesia.

 

Aguinaldo França

publicado por RAA às 11:30 | comentar | favorito