TROVAS
Ó mães de fala amorosa,
Arrulhos do nosso ninho,
Dai-nos a benção piedosa,
Que nos proteja o caminho!
Pois não há maior consolo
Que a vossa bênção sem par,
Que nos trouxestes ao colo
E nos destes de mamar.
Ao pé de vós, por adverso
Que seja o mundo e os destinos
A vida parece um berço
-- Como era em pequeninos.
Amor de mãe quem tiver
Deve guardá-lo no peito:
Que não há amor de mulher
Que seja amor tão perfeito!
Amor de mãe é trazê-lo
No coração bem gravado,
-- Como a luz do sete-estrelo
Nas ondas do mar salgado...
Não há fonte, por mais fria
A quem morra de calor,
Que lhe dê tanta alegria,
Ó mães, como o vosso amor!
Não há rosas no caminho
Com tanta graça ou frescura,
Como a do vosso carinho,
Da vossa imensa ternura.
Quem tem mãe nasce-lhe o dia
Entre as agruras da sorte;
Quem a perdeu, principia
A ter saudades da morte...
Sede benditas e amadas,
E bendito o vosso nome,
Como a luz das madrugadas,
Como o pão que mata a fome.
Ai do que for, pobre e errante,
Calcando areias e brasas,
E, ó Mãe! não tenha um instante
A sombra das tuas asas!...
Júlio Brandão