MARIA MADALENA
I
VIVENDO
Túnica branca a roçagar, silente,
as formas gráceis do corpo leve,
desnudo o colo dum alvor de neve,
cristal o olhar tão luminoso e ardente;
Figura esbelta, fugidia e breve,
prendendo ao corpo dela o olhar da gente,
cedendo Amor, pedindo Amor crescente,
desnudo o colo dum alvor de neve.
Vivendo a lei da Vida, como a Terra
que ama a semente e no seu ventre a encerra,
a alimenta, a agasalha e a reproduz,
Lábioos sorrindo sem esgares de pena,
Deusa de Amor -- Maria Madalena
passa e, empós dela, só há rastros de luz.
Álvaro Feijó