MARIA MADALENA

I

 

VIVENDO

 

Túnica branca a roçagar, silente,

as formas gráceis do corpo leve,

desnudo o colo dum alvor de neve,

cristal o olhar tão luminoso e ardente;

 

Figura esbelta, fugidia e breve,

prendendo ao corpo dela o olhar da gente,

cedendo Amor, pedindo Amor crescente,

desnudo o colo dum alvor de neve.

 

Vivendo a lei da Vida, como a Terra

que ama a semente e no seu ventre a encerra,

a alimenta, a agasalha e a reproduz,

 

Lábioos sorrindo sem esgares de pena,

Deusa de Amor -- Maria Madalena

passa e, empós dela, só há rastros de luz.

 

Álvaro Feijó

publicado por RAA às 12:24 | comentar | favorito