PRELÚDIO

A minha Poesia é uma árvore cheia de frutos

que um sol de tragédia amadurece;

mas eu não os arranco nem procuro:

-- o meu sol de tragédia aquece, aquece,

e o fruto cai de maduro.

 

No resto, sou empregado de escritório

que não procura desvendar abismos,

e passa o dia (glorioso ou inglório)

a somar algarismos...

 

A minha Poesia é uma árvore cheia de frutos

que um sol de tragédia amadurece;

 

mas eu não os arranco nem procuro:

-- sei a miséria da estrada percorrida;

o meu sol de tragédia aquece, aquece,

 

-- e o fruto cai de maduro

no chão da minha vida.

 

Sidónio Muralha

publicado por RAA às 17:01 | comentar | favorito