OS HOMENS DA MINHA RUA DE CASAS DE MADEIRA

Os homens da minha rua de casas de madeira,

telhadas de folha velha,

usam sempre o chapéu atirado para os olhos.

Deslizam em silêncio, embuçados e tristes,

como quem vem de longe, como quem vai para longe...

A minha rua é longa,

com mil e uma pequeninas poças de água.

E tão estreita

que nunca o sol das ruas largas sem casa de madeira

a pôde visitar.

E os homens contam as poças.

E de olhos nas poças, nas pedras, nas poças,

deslizam em silêncio, embuçados e tristes,

como quem vem de longe, como quem vai para longe...

 

Porque usarão -- porquê? -- sempre o chapéu sobre os olhos,

os homens da minha rua de casas de madeira?

 

Mário Dioníso,

Poemas

publicado por RAA às 13:25 | comentar | favorito