ADÃO E EVA...

1.

 

Feliz era a nudez. Vinha diurna

de dentro de si mesma. Porque o dia

ressumbrava recente desde a sua

novidade de pasmo. E de pupila

apta à evidência. E, por isso, arguta,

sem deduzir-se duma argúcia activa.

Onde fossem seus passos a espessura

entregava o seu fervor de enigma

para, depois, se recolher. Ter junta

e pronta a ordem de nova epifania.

Era a nudez da inteligência. Abrupta

e, ao mesmo tempo, de precisão tão íntima

que até os recantos justos da penumbra

recrutavam a luz da perspectiva.

 

Fernando Echevarría,

Relâmpago #2 (1998)

publicado por RAA às 18:47 | comentar | favorito