A MANHÃ

Esta manhã

hoje

é um nome

 

Fiama, Barcas Novas

 

 

É assim a manhã, um nome

para o mundo, abrir os olhos como

alguém que fala

Podem o tempo ou a

morte diurna

dar aos olhos abertos o nada das palavras

 

O sol será então

o silêncio no olhar ou na mão

sobre a testa

que faz descer as pálpebras

como se os dedos dessem à cabeça a verdade

submersa nesse nada

 

e a manhã viesse

não como sombra vasta vestir a voz

do corpo

mas cobri-la da

luz

das palavras que faltam

 

Gastão Cruz,

Rua de Portugal / O Escritor 22

publicado por RAA às 19:50 | comentar | favorito