TARDE DE INVERNO
Sobre o planalto adormecido
Num frio leito de inverno,
Agasalhado de brumas,
Um Sol terno,
Distraído...
De longe, a montanha sombria
Exala uma aragem fria.
Cheira a serra,
A terra,
Morta...
Mas com seu odor mais forte,
Ao apelo do vento norte
Responde
A minha melancolia...
Numa colina humilhada
De chuva, de ventanias,
Crucificado num céu dorido,
Surge um pastor como um vencido.
Em fila, atrás,
Vem o rebanho humílimo balindo;
Traz nos olhos a paz,
A paz grave da serra;
E entre os dorsos compactos, de lã fina,
Paira a sombra primeira aventurosa,
O alvoroço da noite misteriosa,
O pranto da neblina!...
Fausto José
presença #18 (1929)