"Meu Deus, o que as pessoas guardam."

Meu Deus, o que as pessoas guardam.

Transportam a memória das casas,

dizem que não querem mas transportam

a memória das casas. Imagens de coisas

concretas, sim, mas também muitas

coisas concretas. Sapatos que já não

se calçam, casacos que já não se põem.

Música que ouviram pouco, porque

pode ser que haja, enfim, tempo.

E música que ouviram muito, porque

sabe bem ouvir a música que ouviram

muito. Resmas de papel antigo, porque

qualquer vida dá um romance.

 

Helder Moura Pereira, Golpe de Teatro (2016)

publicado por RAA às 01:27 | comentar | favorito