"Meu Deus, o que as pessoas guardam."
Meu Deus, o que as pessoas guardam.
Transportam a memória das casas,
dizem que não querem mas transportam
a memória das casas. Imagens de coisas
concretas, sim, mas também muitas
coisas concretas. Sapatos que já não
se calçam, casacos que já não se põem.
Música que ouviram pouco, porque
pode ser que haja, enfim, tempo.
E música que ouviram muito, porque
sabe bem ouvir a música que ouviram
muito. Resmas de papel antigo, porque
qualquer vida dá um romance.
Helder Moura Pereira, Golpe de Teatro (2016)